Pela primeira vez, depois de em várias oportunidades ter dito que não tinha condições de atender as reivindicações dos grevistas, Wagner admitiu a reabertura das negociações. Na oportunidade, em tom ligeiramente animado, diferente do que vinha adotando nos últimos dias, onde chegou a radicalizar a postura contra o movimento paredista, Wagner afirmou que não gostaria de antecipar o que poderia anunciar hoje à tarde, durante uma reunião que os representantes do governo esperam que seja a última para anunciar o fim da greve.
A nova posição frente ao movimento, que demonstra interesse genuíno em apressar a solução do conflito, é resultado também da grande pressão que o governo passou a sofrer por parte de seus candidatos nas eleições municipais em todo o Estado. O desgaste decorrente do movimento estaria afetando indistintamente todos os candidatos governistas, independentemente de pertenceram ao PT. Em Salvador, onde o governo faz um reconhecido esforço para elevar a performance do prefeiturável Nelson Pelegrino (PT) nas pesquisas até o início do horário eleitoral gratuito, em agosto, os efeitos do problema estariam sendo sentidos pessoalmente pelos candidatos do grupo governista neste início da campanha. Contou recentemente um candidato a vereador que, em determinadas comunidades, todos são recebidos com vaias quando têm seus nomes anunciados. O movimento é, naturalmente, capitalizado por candidatos adversários do PT, como ACM Neto, do Democratas, e Mário Kertész, do PMDB, partido que pertence à base de apoio da presidente Dilma, em Brasília, mas faz oposição aos petistas na Bahia. “Cheguei a dizer a Nelson Pelegrino que sem o fim da greve ele poderia dizer adeus à sua candidatura”, relatou um vereador petista, pedindo por tudo para não ter seu nome revelado.
Fonte: Politicalivre