Tais atitudes muitas vezes são aprendidas em casa. Filhos autoritários costumam ter pais rígidos, que impõem seus pontos de vista sem diálogo nem explicações. "A criança imita o modelo, identificando o autoritarismo como forma de obter o que quer e eliminar oposições", diz Maria Teresa Messeder Andion, professora da Associação Brasileira de Psicopedagogia, em São Paulo.
A situação oposta produz efeito semelhante: famílias com dificuldade em impor limites acabam reforçando o autoritarismo dos pequenos. "A criança mandona testa e confronta os pais desde cedo. Costuma ser bastante inteligente, mas precisa aprender que eles sabem mais", afirma a psicóloga Ana Cristina Marzolla, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Deixar a criança dominar as situações não a fará mais feliz. Ao contrário: ficará um tanto insegura de ver que quem deveria protegê-la está, na verdade, cumprindo as ordens dela. Esse comportamento se instala quando os pais, por algum motivo, assumem uma atitude de fraqueza ou de culpa diante das crianças, cedendo a pressões, chantagens e barganhas. "É papel da família educar o filho para o mundo, o que significa estabelecer limites e regras para o bem-estar dele. Sem isso, ele terá dificuldade para se adaptar socialmente no futuro, o que pode fazer dele um adulto infeliz", completa Ana.
O desafio é equilibrar a balança, ensinando o filho que certas situações são negociáveis, mas nem sempre as vontades dele prevalecerão. Comece estabelecendo regras realmente importantes e foque no cumprimento delas. Por exemplo: tudo bem escolher o sabor do sorvete, mas não decidir se deve tomá-lo antes da refeição. Explique de modo claro, objetivo e firme o que ele pode (ou não) deliberar com sua pouca idade.
Lembre-se: a capacidade de liderar é um dom e se aprimora no convívio com o outro. Já o autoritarismo vira facilmente abuso de poder. Aprender a olhar as necessidades alheias e a negociar são habilidades importantes para o sucesso na vida adulta.
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