Moradores precisam viajar para ter acesso a serviços básicos; cidades do Sudoeste e Chapada Diamantina estão entre as mais afetadas.
O fechamento de agências bancárias tem mudado a rotina de muitos moradores do interior da Bahia. Só nos últimos meses, cidades como Palmeiras, Rodelas, Ipecaetá e Olindina viram suas únicas unidades bancárias fecharem as portas. O resultado? População sem acesso a serviços essenciais, como saques, pagamentos e atendimento presencial.
Em Olindina, com cerca de 22 mil habitantes, o Bradesco anunciou o encerramento da única agência que ainda funcionava. Antes, o município contava com três opções: duas agências e uma lotérica. Agora, nem isso. Comerciantes, aposentados e moradores da zona rural precisarão se deslocar para Itapicuru, a 19 km, para resolver questões bancárias.
"Quem precisa sacar dinheiro depende da boa vontade de comerciantes que fazem o chamado ‘ponto de saque’. Mas nem sempre tem o valor que a pessoa precisa", conta Welinton Pinheiro, morador da cidade.
Chapada Diamantina também sofre impacto
Na Chapada Diamantina, municípios como Palmeiras, Abaíra e Piatã também foram afetados pelo fechamento de agências, tanto do Bradesco quanto do Banco do Brasil. Em Palmeiras, por exemplo, o encerramento da única agência do Bradesco gerou protestos e manifestações da prefeitura, do comércio local e da população, que agora precisa se deslocar até Seabra, a cerca de 50 km, para resolver pendências bancárias.
Em Bonito, também na Chapada Diamantina, a Prefeitura informou que tem se mobilizado intensamente para evitar o fechamento da agência do Bradesco. A administração municipal vem mantendo diálogo com representantes da instituição financeira e buscando soluções para garantir a permanência dos serviços bancários na cidade. A preocupação é grande, sobretudo com o impacto que a saída do banco pode trazer para os comerciantes, aposentados e para o escoamento de programas sociais.
Segundo o Sindicato dos Bancários da Bahia, desde outubro de 2023, ao menos 36 municípios perderam agências ou postos de atendimento do Bradesco. Em muitos casos, essas eram as únicas unidades em funcionamento. O sindicato alerta para o impacto direto na vida da população idosa, que tem mais dificuldade com o uso de aplicativos e transações digitais.
Além disso, a má qualidade da internet em algumas regiões dificulta ainda mais o uso de serviços online. “As pessoas não podem ficar desassistidas. Não é só uma questão de tecnologia, mas de acesso e dignidade”, afirma o superintendente do Procon-BA, Tiago Venâncio, que estuda acionar o Ministério Público para barrar os fechamentos.
Enquanto isso, moradores continuam enfrentando filas, deslocamentos e insegurança para acessar o próprio dinheiro.
Fonte: Correio 24 horas - adaptado pelo Blog do Léo Barbosa