Imagine uma vacina capaz de ajudar o corpo a reconhecer e combater diferentes tipos de câncer — inclusive os mais agressivos e resistentes. Essa possibilidade está mais próxima da realidade. Cientistas da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, desenvolveram uma vacina experimental com tecnologia semelhante à das vacinas da covid-19, e os primeiros testes em animais mostraram resultados animadores.
💡 O que é essa vacina?
A vacina é feita com RNA mensageiro (ou mRNA) — um tipo de molécula que dá “instruções” para o corpo produzir proteínas. Essas instruções, envolvidas por pequenas partículas de gordura (nanopartículas lipídicas), ativam o sistema imunológico como se ele estivesse combatendo um vírus. Assim, o corpo passa a reagir com mais força contra o câncer.
Esse tipo de vacina ficou conhecido durante a pandemia por ser a base das vacinas da Pfizer e da Moderna contra a covid-19. Agora, os cientistas estão usando a mesma lógica para tentar combater o câncer.
🧪 Como foi o teste?
Os pesquisadores aplicaram essa nova vacina em camundongos com melanoma, um tipo de câncer de pele muito agressivo. Além disso, a vacina foi usada junto com medicamentos de imunoterapia — tratamentos que ajudam o sistema de defesa a identificar e atacar células doentes.
O resultado? Tumores que antes não respondiam a nenhum tratamento começaram a diminuir. Em alguns casos, os tumores desapareceram completamente.
A vacina também foi testada em outros tipos de câncer, como tumores nos ossos e no cérebro, e também mostrou bons resultados.
🔍 Qual a novidade?
O mais interessante é que essa vacina não é personalizada. Ou seja, ela não foi feita para um único tipo de tumor ou paciente específico. Ela funciona como uma “injeção de estímulo geral” para que o sistema imunológico do corpo consiga reagir melhor ao câncer, como se estivesse combatendo uma infecção.
Segundo os pesquisadores, essa pode ser uma nova maneira de criar vacinas contra o câncer. Até hoje, a maioria das tentativas envolvia vacinas personalizadas, criadas com base nas características de cada paciente ou tumor.
“Esse estudo mostra que é possível usar uma resposta imune forte e genérica para combater vários tipos de câncer”, explicou o pesquisador Duane Mitchell, um dos autores da pesquisa.
Quais os próximos passos?
Depois do sucesso nos testes com animais, o objetivo agora é levar a vacina para testes em humanos. Se os bons resultados se repetirem, ela poderá se tornar uma vacina universal contra o câncer — algo que ajudaria milhares de pessoas no mundo todo, especialmente aquelas com tumores difíceis de tratar.
A pesquisa foi publicada na revista científica Nature Biomedical Engineering e recebeu apoio de órgãos importantes, como os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH).
🧬 Por que isso importa?
Hoje, muitos tratamentos contra o câncer envolvem quimioterapia, radioterapia e cirurgias, que podem ser duros para o corpo e nem sempre funcionam, especialmente em tumores agressivos ou avançados. Uma vacina que ajuda o próprio corpo a se defender pode representar uma revolução na forma como tratamos a doença.
Fonte: G1