Apoiador de Lula ganha caminhão em aposta com bolsonarista e devolve prêmio


Um apoiador do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou um caminhão em uma aposta com um amigo, eleitor do presidente Jair Bolsonaro (PL), e recusou receber o prêmio e devolveu o veículo, avaliado em cerca de R$ 200 mil.

O caso aconteceu na cidade de Tauá, interior do Ceará, na última quarta-feira (2), e foi registrado em vídeo por uma pessoa que acompanhava a situação. Nas imagens, o caminhoneiro Ronaldo Lins aparece munido de uma toalha com o rosto do petista e a estende sobre o capô.

Comemorando sua aposta vitoriosa, ele brinca com o colega bolsonarista, Hamilcar Dias Junior, e depois anuncia que irá devolver o automóvel. Em seguida, ele entrega o documento e a chave do veículo. Os dois choram e se abraçam no momento da devolução.

"Se eu tirar dele, é mesmo que eu está tirando do meu filho Ronaldinho. Eu não vou ser feliz com isso aqui, não. Pegue meu filho, é sua", disse Ronaldo emocionado, ao devolver o caminhão.

Os dois, segundo o G1, são amigos há 26 anos e decidiram apostar os caminhões antes do primeiro turno das eleições. "A aposta foi sem cartório, sem nada, porque no interior é desse jeito, não precisa de papel nem caneta. É na palavra mesmo. Muita gente duvidava, achava que era brincadeira porque a gente é amigo, mas nós fizemos um acordo. Decidimos que quem ganhasse vai receber ‘de boa’, sem zombamento. A gente é amigo. A política passa e a amizade fica", disse Júnior ao site.

Hamilcar Júnior procurou o amigo para fazer a entrega do caminhão um dia depois do resultado, na segunda-feira (31). No entanto, Ronaldo só aceitou ficar com o prêmio no dia seguinte.

"Quando saiu o resultado, eu decidi entregar logo o carro. Ele já estava comemorando e então fui dar outro motivo de comemoração. Eu estava ciente que o carro não era mais meu. Passei a noite sem dormir, chateado porque tinha perdido a eleição e chateado que tinha feito uma besteira", relembrou o caminhoneiro.

A primeira atitude do lulista, ao receber o caminhão, foi tirar os adesivos de Bolsonaro. No dia combinado para a entrega, Junior recebeu uma ligação de um amigo chamando para almoçar em um restaurante do município, que é de propriedade do Ronaldo.

"Quando eu cheguei, eles já tinham premeditado tudo. Já estava esse nosso amigo, um advogado e outro motorista. Ronaldo estava com a chave do carro na mão para me devolver", contou.

"Eu esperava alguma ação dele por a gente ser amigo. Para ser sincero, eu esperava que esse carro ia voltar para mim, mas de outra forma, que ele ia facilitar um pagamento, porque eu não ia deixar de comprar um carro que já conheço para comprar outro. Mas não, ele pegou todo mundo de surpresa", afirmou Júnior, que também havia combinado de doar cestas básicas caso perdesse.

"Em momento nenhum eu me maldisse porque o erro foi nosso, quem aposta está sujeito a perder ou ganhar. Isso nunca aconteceu na minha vida e não vai acontecer de novo. Serviu de exemplo. [...] Se Deus não toca no coração dele, eu não sei o que iria fazer", falou o caminhoneiro.

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