Cartórios devem fechar as portas em 224 cidades após projeto de lei do governo do estado; veja a lista


De certidão de nascimento até registros de imóveis, os cartórios são responsáveis por atos do cotidiano de milhares de baianos todos os dias. Apesar de realizarem serviços essenciais, mais de 60% dos cartórios na Bahia são deficitários e precisam de repasses do Fundo Especial de Compensação da Bahia (Fecom) para manter suas atividades. Agora, um projeto de lei do governo do estado, já aprovado pelos deputados, coloca em risco o funcionamento de cartórios em 224 cidades.

Por lei, 12,2% da receita de cada cartório na Bahia deve ser destinada ao Fundo de Compensação. Esse fundo é responsável por repassar uma espécie de ‘renda mínima’ às unidades deficitárias - ou seja, aquelas em que as taxas cobradas da população não cobrem os custos operacionais. Os repasses podem chegar a R$ 31,8 mil mensais e são fundamentais para manter o funcionamento desses cartórios. O Projeto de Lei nº 25.851 propõe diminuir esse percentual para 9%, o que representa redução de um quarto dos recursos.

A proposta foi aprovada pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) no dia 17 de junho, um dia após ser apresentada à Casa pelo governo da Bahia. A medida, que ainda deve ser sancionada pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT), surpreendeu a direção do fundo e a Associação dos Notários e Registradores da Bahia (Anoreg/BA), que sequer foram informados. 


O problema, segundo as entidades, é que o Fundo Especial de Compensação da Bahia já opera no vermelho, com déficit anual de R$ 40,4 milhões por ano. Uma estimativa prevê o fim do fundo em seis anos e sete meses, se o projeto de lei for sancionado. Sem os recursos provenientes do Fecom, 461 cartórios baianos podem fechar as portas - o que representa 61,3% do total em atividade no estado, que é de 752. 

Os cartórios se tornam deficitários quando o valor arrecadado com as taxas pelos serviços não são suficientes para pagar os custos com funcionários e manutenção. A lei também garante gratuidade nos registros de nascimento e óbito, incluindo a primeira via da respectiva certidão, além da primeira via da certidão de casamento. O Fecom também é responsável por garantir o pagamento aos ofícios relativos aos serviços que não são cobrados à população. 

“Este projeto compromete a sustentabilidade de um sistema que permite levar cidadania e dignidade às áreas mais pobres da Bahia. Suprimir um quarto das receitas do Fundo vai criar a necessidade de reestruturar novamente o cenário extrajudicial, com a possível extinção de cartórios, como forma de manter o sistema viável", defende Daniel Sampaio, presidente da Anoreg. 


Vai fechar? 

As unidades com risco de fechamento estão distribuídas em 224 cidades, de acordo com dados do Fecom obtidos pela reportagem. Entre os municípios impactados estão Salvador, que tem seis cartórios bancados pelo fundo de compensação, além de Lauro de Freitas, Mata de São João, Itaberaba, Jacobina, entre outras. A reportagem questionou o governo do estado sobre a alteração dos repasses ao fundo, mas não obteve retorno até esta publicação. 

"Em seis anos, deixaremos de conseguir pagar a renda mínima para o funcionamento dos cartórios, o que vai impactar diretamente nos serviços prestados. Os cartórios oferecem, de forma gratuita, primeira via de certidões de nascimento, casamento e óbito, por exemplo, que são essenciais para a sociedade", avalia Igor Pinheiro, presidente do Fundo Especial de Compensação da Bahia. 

No ano passado, foi sancionada a lei que permitiu a reestruturação dos cartórios baianos de acordo com número de habitantes, o que contribuiu para o fechamento de cerca de 500 unidades em todo o estado. As novas regras estabelecem, por exemplo, que as cidades com população de até 40 mil habitantes tenham um único Ofício com as atribuições de Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelionato de Notas.

"Daqui a pouco, só teremos cartórios em grandes centros urbanos e, infelizmente, a população vai acabar pagando o preço de ficar sem os serviços", afirma Daniel Sampaio. Mas o problema não é exclusivo do interior. Em Salvador, ao menos seis cartórios recebem repasses do fundo estadual. 


Outro ponto questionado pelas entidades é o aumento do valor destinado ao Fundo de Modernização do Ministério Público do Estado da Bahia, que passa a receber 4% de todos os recursos adquiridos pelos cartórios com as taxas pagas pelos serviços. "Existem ações em âmbito nacional que discutem a legitimidade de órgãos que não tem relação com serviços extrajudiciais no recebimento dos recursos, mas ainda não há uma decisão que reconheça a falta de pertinência desses repasses", detalha o presidente da Anoreg. (Correio24Horas)

Cidades baianas que podem perder cartórios 

  1. Jacobina
  2. Feira de Santana
  3. Gavião
  4. Baixa Grande
  5. Antas
  6. Andaraí
  7. Cachoeira
  8. Muritiba
  9. Mairi
  10. Coração de Maria
  11. Valente
  12. Ubatã
  13. Boquira
  14. Cristópolis
  15. Teofilândia
  16. Ubaitaba
  17. Canarana
  18. Conde
  19. Uauá
  20. Belo Campo
  21. Santa Inês
  22. Tanque Novo
  23. Cândido Sales
  24. Retirolândia
  25. Maragogipe
  26. Marcionílio Souza
  27. Uibaí
  28. Serra Preta
  29. Ibititá
  30. Itagi
  31. Capela do Alto Alegre
  32. Brejões
  33. Ituberá
  34. Nova Soure
  35. Iguaí
  36. Central
  37. Paratinga
  38. Pindobaçu
  39. Buerarema
  40. Piritiba
  41. Governador Mangabeira
  42. Wenceslau Guimarães
  43. São Francisco do Conde
  44. Mutuípe
  45. Rodelas
  46. Cipó
  47. Pindaí
  48. Iraquara
  49. Serrolândia
  50. Tremedal
  51. Boa Nova
  52. Abaré
  53. Laje
  54. Milagres
  55. Igaporã
  56. Palmeiras
  57. Condeúba
  58. Presidente Jânio Quadros
  59. Itaeté
  60. Chorrochó
  61. Iramaia
  62. Queimadas
  63. Morpará
  64. Nordestina
  65. Anagé
  66. Pilão Arcado
  67. Terra Nova
  68. Itiúba
  69. Santa Bárbara
  70. Madre de Deus
  71. São Felipe
  72. Macururé
  73. Rio do Antônio
  74. Tanhaçu
  75. Taperoá
  76. Ituaçu
  77. Itapebi
  78. Ibirataia
  79. Ibiquera
  80. Itajuípe
  81. Várzea do Poço
  82. Saúde
  83. Jussara
  84. Lapão
  85. Santa Teresinha
  86. Barra do Mendes
  87. Paramirim
  88. Curaçá
  89. Boa Vista do Tupim
  90. Urandi
  91. Cotegipe
  92. Sapeaçu
  93. Jacaraci
  94. Irecê
  95. Itapetinga
  96. Itaberaba
  97. Caetité
  98. Santo Antônio de Jesus
  99. Prado
  100. Itanhém
  101. Nazaré
  102. Santa Maria da Vitória
  103. Ibotirama
  104. Irará
  105. Entre Rios
  106. Camacã
  107. Ilhéus
  108. Jequié
  109. São Sebastião do Passé
  110. Itororó
  111. Esplanada
  112. Mata de São João
  113. Porto Seguro
  114. Xique-Xique
  115. Buerarema
  116. Morro do Chapéu
  117. Olindina
  118. Serra Dourada
  119. Ibicaraí
  120. Jeremoabo
  121. Ruy Barbosa
  122. Brumado
  123. Valença
  124. Poções
  125. Cícero Dantas
  126. Paripiranga
  127. Ibirapuã
  128. Caravelas
  129. São Gonçalo dos Campos
  130. Ibitiara
  131. Ribeira do Pombal
  132. Castro Alves
  133. Paulo Afonso
  134. Senhor do Bonfim
  135. Caculé
  136. Itaparica
  137. Bom Jesus da Lapa
  138. Ichu
  139. Alagoinhas
  140. Carinhanha
  141. Alcobaça
  142. Santa Rita de Cássia
  143. Itamaraju
  144. Rio Real
  145. Camamu
  146. Palmas de Monte Alto
  147. Piatã
  148. Muniz Ferreira
  149. Serrinha
  150. Macarani
  151. Uruçuca
  152. Belmonte
  153. Mucuri
  154. Campo Formoso
  155. Teixeira de Freitas
  156. Santana
  157. Livramento de Nossa Senhora
  158. Luís Eduardo Magalhães
  159. Guanambi
  160. Tucano
  161. Macaúbas
  162. Salvador
  163. Dias D'Ávila
  164. Simões Filho
  165. Euclides da Cunha
  166. Casa Nova
  167. Amargosa
  168. Jaguaripe
  169. Capim Grosso
  170. Jaguaquara
  171. Barro Preto
  172. Juazeiro
  173. Sobradinho
  174. Glória
  175. Botuporã
  176. América Dourada
  177. Mundo Novo
  178. Monte Santo
  179. Conceição do Almeida
  180. Jiquiriça
  181. Ibicuí
  182. Pé de Serra
  183. Ibirapitanga
  184. Barra
  185. Santo Amaro
  186. Souto Soares
  187. Itiruçu
  188. São José do Jacuípe
  189. Rio de Contas
  190. Itapitanga
  191. Lençóis
  192. Aurelino Leal
  193. São Domingos
  194. Araci
  195. Presidente Dutra
  196. Mucugê
  197. Wanderley
  198. São Gabriel
  199. Itagibá
  200. Itanhém
  201. Itabela
  202. Lauro de Freitas
  203. São Félix
  204. Licínio de Almeida
  205. Cocos
  206. Quixabeira
  207. Angical
  208. Itagimirim
  209. Aporá
  210. Itaquara
  211. Acajutiba
  212. Nova Canaã
  213. Conceição de Feira (Apesar de constar no documento, o nome oficial é Conceição da Feira)
  214. Nilo Peçanha
  215. Nova Fátima
  216. Jitaúna
  217. João Dourado
  218. Una
  219. Formosa do Rio Preto
  220. Santa Luzia
  221. Conceição do Jacuípe
  222. Guaratinga
  223. Pau Brasil
  224. Malhada

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