Desmatamento na Caatinga é impulsionado pela transição energética na Bahia

 O bioma Caatinga, conhecido pelo clima semiárido, altas temperaturas e chuvas escassas, desponta como área estratégica para a transição energética no Brasil. Representando o quarto maior bioma do país e o maior da Bahia, ele abriga atualmente 62% das áreas de usinas fotovoltaicas do Brasil, totalizando 35,3 mil hectares, segundo relatório do MapBiomas divulgado nesta quinta-feira (18).

Do total de hectares ocupados por usinas solares, cerca de 3.800 hectares estão na Caatinga baiana, representando o segundo maior contingente entre os estados. Deste total, 71% estão localizados em áreas de vegetação savânica nativa, somando 2.753 hectares. A Bahia fica atrás apenas de Minas Gerais, que registra 5,6 mil hectares em vegetação nativa.

Foto: Divulgação/Ibama

O professor Washington Rocha, coordenador da equipe da Caatinga do MapBiomas, alerta que a expansão das usinas solares não pode comprometer a conservação do bioma.

“Há uma porcentagem significativa das usinas em áreas ainda não desmatadas, ou seja, estão desmatando para implantar esses empreendimentos”, explica.

Ele destaca que o estudo também busca apontar alternativas mais sustentáveis.

“No Cerrado e na Caatinga, deveriam ser priorizadas áreas já degradadas para instalação de novas usinas.”

Uso da terra nas usinas fotovoltaicas

  • Savânica nativa: 71%
  • Mosaicos de usos mistos: 21,2%
  • Pastagens agropecuárias: 6,6%

O levantamento analisou mudanças na cobertura e uso da terra entre 1985 e 2024, cobrindo 86,2 milhões de hectares da Caatinga — 10,1% do território nacional. Em 40 anos, 9,25 milhões de hectares de áreas naturais foram perdidos, representando 14% da vegetação original. A savânica foi a mais afetada, com perda de 15,7%.

Hoje, 51,3 milhões de hectares (59%) da Caatinga ainda mantêm vegetação nativa. Considerando corpos d’água, dunas e areais, a área natural sobe para 52,9 milhões de hectares (61%). A Bahia se destaca, com 58% das áreas preservadas, atrás apenas do Piauí (82%), Ceará (68%) e Pernambuco (60%).

Enquanto isso, áreas antrópicas — usadas ou manejadas pelo homem — cresceram 39% nos últimos 40 anos, somando 9,2 milhões de hectares, principalmente para agropecuária (37%) e pastagens (27%). Entre cultivos agrícolas, lavouras temporárias predominam, ocupando 1,4 milhão de hectares (74%), contra 483 mil hectares (26%) de lavouras perenes.

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