A instalação de torres eólicas em regiões da Chapada Diamantina, na Bahia, está enfrentando resistência por parte da comunidade quilombola de Tiririca de Cima, onde vivem cerca de 70 moradores.
A empresa CER Energia, com sede no Pará, tem planos de construir turbinas eólicas nos municípios baianos de Riachão, Caraíba, Olhos D’água Novo e Pau de Gamela, que já firmaram acordos de arrendamento. No entanto, por ser uma comunidade quilombola reconhecida, qualquer empreendimento precisa ser autorizado por todos os moradores — como garantido por lei.
🏠 Por que a comunidade é contra?
Os moradores de Tiririca de Cima temem impactos sociais, ambientais e culturais com a instalação do parque eólico. Entre os principais pontos levantados estão:
- Barulho constante das turbinas, que pode afetar a qualidade de vida e provocar o êxodo rural;
- Impactos à saúde, tanto humana quanto vegetal;
- Risco à nascente local, que abastece a comunidade;
- Pressão psicológica e assédio institucional, com visitas sem aviso e reuniões forçadas relatadas por moradores.
📢 “Já disseram que somos fracos, que deveríamos aceitar pelo dinheiro”
A presidente da associação comunitária local, Ana Paula Santos, relatou à Folha de S. Paulo que os moradores foram abordados com argumentos ofensivos:
“Já citaram que somos fracos, que não temos dinheiro, que deveríamos aceitar [o parque eólico] por causa de dinheiro. São formas mais pesadas que eles falam, que dói”, contou Ana.“Eu sempre pontuo que dinheiro não é tudo na vida, ainda mais quando é migalha.”
Segundo Ana, a proposta inicial de pagamento era de R$ 10 por hectare ao ano, o que, considerando os 1.607 hectares da comunidade, representaria R$ 16 mil por ano no total — cerca de R$ 228 para cada morador.
📉 Compensação considerada insuficiente
O valor futuro, após a venda de energia, seria de apenas 1% da receita bruta da geração no local — ainda assim considerado baixo diante dos impactos esperados.
Ana Paula buscou informações sobre os efeitos das torres em outras comunidades e constatou casos de arrependimento de quem permitiu os empreendimentos.
🏛️ E a empresa?
A empresa responsável, Centrais Eólicas Carnaubal, afirmou que não mantém contato com a comunidade há cerca de um ano e meio, justamente para que os moradores pudessem “deliberar livremente”.
Fonte: Bnews.